Letícia Ferreira
2 min readAug 13, 2021

“Minhas maiores conquistas aconteceram quando estive nas batalhas que ninguém me viu lutar.”

Acho que posso começar daqui, mesmo sem saber o rumo que esse texto vai tomar.

Eu vi a frase do título no post de uma professora de português que tive no ensino médio. Monique... Baiana arretada, apaixonada pelas letras, cultura e poesia. Sempre me identifiquei com ela... Me via, me enxergava. Talvez ali eu tenha começado a cogitar o curso de letras como um caminho possível.
(Pensando agora, talvez eu tenha enxergado muitas das minhas escolhas como maneira de retribuir, de alguma forma, para as pessoas que eu julgava importantes na minha vida, algo que elas "fizeram" por mim. E, sim, isso é péssimo! Me trouxe muitos bons frutos mas, ainda assim, é péssimo.)

Voltemos a Monique: pequenos gestos dela já me faziam feliz, enchiam o meu dia. Seja elogiar a minha Zaxy laranja e azul marinho, ou o sorriso que deu quando pedi ajuda pra escolher entre Elis Regina e Pixinguinha, pra fazer o trabalho sobre biografia. Parecia recíproco, e é muito doido entender só agora (escrevendo esse texto) que ela enxergava potencial em mim - não só ela, mas todo o corpo docente do CAp, que tenho como grandes amigos e colegas de profissão, hoje.
Acho que, para além de tudo, já tinha algo que nos conectava ali... Talvez. Como eu sempre digo: "orixá sabe o que faz!". Fui descobrir que Monique é de axé não tem nem 6 meses, e fui aluna dela em 2014. Quando soube, reacendeu todo um brilho, uma chama dentro de mim... Era afeto. Sabe quando as peças vão se encaixando e indo pro seu devido lugar? Então, era isso! Era Oxum me dizendo que, não importa em que momento eu esteja, ela sempre vai estar comigo.
É... Orixá sabe o que faz.

Hoje eu tenho 22 anos, com 4 anos de axé, e com muitas batalhas pra lutar, ainda. No momento, uma de minhas batalhas é entender exatamente o que pontuei no parêntese: ser mais eu comigo mesma, e ser menos o que acho que esperam de mim. Sim, batalha difícil. Mas a minha preta velha, vovó Maria do Cruzeiro das Almas, diz que "se fosse fácil, não seria a vida." E é verdade, porque essa é só uma de tantas que tenho que dar conta de lutar (e todas, praticamente, ao mesmo tempo). E quem não, né? Mas eu tenho orixá, e vai ser com a força deles que vou passar por cada uma delas.

Ora yeyê ô!
Xetruá, boiadeiro!

Sigamos!

Letícia Ferreira

Candomblecista e umbandista, estudante de Ciências Sociais pela UFF — Campos e produtora audiovisual na Terror Do Interior escrevendo sobre vivências.